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terça-feira, 18 de março de 2014

MARAT-SADE: ONDE SE FEZ MORADA

Quando fui apresentado ao texto de Peter Weiss me deparei com a impotência, a inercia e a falta de tesão. O meu ponto de partida foi a observação. Tive o desejo da concretização, mas também tive o temor das escolhas incertas, de não encontrar o personagem. Nesse processo o destino me mostrou um lugar sombrio com um amontoado de retalhos sem nexo e desconexo na linha de chegada e de partida. Mas foi durante esse caminho, em alguns momentos perigoso, em outros mais seguro, que eu encontrei a maior parte das minhas experiências que serão úteis num futuro próximo. Optei pelo descaminho e resolvi gravar na memória apenas as coisas boas, pois são essas que nos constroem de fato.


Aceitei todos os riscos desde o primeiro momento que disse não para a troca de diretor. Desde o momento em que deixei de contar com uma parceira de cena. Desde a primeira reunião de elenco/aluno. Todas essas nuances perpassaram pela encenação e mesmo que eu queira é num projeto como esse que estão todas as áreas de um bom espetáculo: interpretação, cenografia, execução de figurinos, luz e sonoplastia.

Acredito que tivemos riscos calculados e medido pela força de vontade desmedida da turma do bem, a entrega do corpo e da alma para o personagem, o desejo de ir mais longe, de quem lutou para aproveitar o máximo da experiência dos profissionais que percorreram alguns momentos dos ensaios, da descoberta do querer mais, desde os primeiros passos, mesmo não sabendo exatamente que caminho percorrer. É nesse caminho da incerteza que temos a necessidade de concretizar nosso sonho, o de passar pelo processo de montagem de um espetáculo.

Pisamos no palco com a certeza de que não foi uma simples apresentação para obtenção de notas, mas uma apresentação que nos mostrou que somos sim, capazes de atuar e que somos dignos das bênçãos dos deuses da arte. Bebemoramos na fonte de Marat-Sade. Nela descobrimos as duas faces da mesma revolução, ficamos lado a lado com os loucos representando sabe lá o quê. Se tivemos corpo são e mente sã para sair dessa experiência como entramos? Não sei.

O processo foi longo, tenso e intenso. Fomos imaturos. Palavras foram ditas fora do contexto. Ouvimos, choramos, ficamos possessos, mas também rimos, brincamos, fortalecemos laços de amizade. Tentamos buscar a persona através dos exercícios. Tivemos momentos de teoria na qual descobrimos o que a história registrou, os atos políticos, remexemos dentro da gente os lugares mais longevos e obscuros. Entregamo-nos de corpo e alma na loucura naquele período assustador e fizemos um parâmetros com acontecimentos atuais. Pois hoje somos mais inteligente do naqueles tempos já passados.

Meu agradecimento ao mestre Braz que acreditou em nós, aos professores que sussurraram palavras de apoio e motivação. A minha turma que não é assim, uma turma comum... é a turma do impossível, mesmo nos momentos novela mexicana, não deixou o baixo astral tomar conta, qualquer coisa, lá estava a turma brincando de “ru”, de bolinha, seja lá o que for, daqui a pouco tudo será história que iremos contar para os filhos, netos, sobrinhos, cachorro, periquito, sei lá, para quem estiver afim de ouvir.  Meu obrigado vai com um pedido de desculpas pelas falhas, pelas palavras proferidas sem o intuito de magoar, mas que feriu feito ferro em brasa.

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