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domingo, 13 de dezembro de 2015

MINHA VISÃO DA SAPECAC

"Terça feira,oito de dezembro, poderia ser uma terça qualquer, mas desta vez eu não tive medo e fui sozinho à abertura da SAPECAC... ainda no carro, de longe vi meu casal de amigos favorito, Clauzer e Isabel, acenamos em uma felicidade esfuziante// ao estacionar logo atrás de mim estava minha professora orientadora do TCC. Com a mesma alegria fui cumprimentá-la, carreguei a bolsa do pequeno Daniel, ali no carro já senti certo nojo de um casal, a dupla passou por mim como se eu fosse um nada. Mas enfim, sou de quem me quer.  Passei pelo credenciamento, lá o casal de atendente foi de uma simpatia só, coisas de humanas, pensei comigo. Encontrei o professor Marcos Chaves e tratei de entregar a bolsa do Danielzinho dizendo que aquilo pertencia a ele. Fiquei ali pelo corredor nada mais que cinco minutos, mas o suficiente para uma breve análise de quem chegava. Muita gente nova, muita gente diferente de mim, muitos me cumprimentavam como velhos amigos. Mas, os velhos colegas de sala passaram por mim como se ali eu não estivesse. Fui para o auditório tentei ser o mais simpático possível, pois muitas vezes o problema está na gente, ou pelo menos, se não dermos o primeiro passo jamais saberemos o que o outro espera da gente, né? Encontrei com a Tarsila Bonelli, bailarina e agora estudante das cênicas. Conversamos por cerca de cinco minutos, tempo suficiente para saber que ela estava se despedindo de uma companhia de dança. Cumprimentei mais algumas pessoas e vi do lado direito do auditório meu casal de amigos, se a felicidade tem uma morada está neste casal e é pra lá que eu vou sempre que procuro beber da sabedoria da vida. Encontrei alguns professores e cumprimentei a distância outros tantos. Tudo estava dentro do previsto. De repente, vejo que o casal de esnobe eram nada mais nada menos que o organizador da semana e a convidada especial do dia. Confesso que me abstive dos preconceitos e ouvi a fala da professora Beth Lopes do princípio ao fim com muito cuidado, mas algo me chamou a atenção e também me tirou a atenção. Ela simplesmente leu um release pronto, feito um mestre dos magos jogou várias palavras difíceis que me fez perder o tesão. Ao abrir pra fala já não tinha mais interesse em ouvi-la, mas aguentei firmei. Pouquíssimas pessoas pediram a fala. Uma especial me chamou a atenção, veio de um garoto de geografia que estava numa semana acadêmica de cênicas. Apesar da timidez ele conseguiu dizer o queria, muitas dúvidas, muitos questionamento, mas ele estava preocupado com o Bem e Mal num espetáculo de rua. A resposta? Deixe rolar, e não se preocupe com o que está acontecendo. Simplesmente viva. A semana foi boa, teve alguns momentos de tensão, outros de puro puxa saquismo, mas nada que comprometesse a ideia central. O que me assustou foram duas mesas de estudos, a primeira da turma de pós graduação. Muito blasé, muito blablá e a segunda da turma de graduação de vários anos e vertentes. Depois que cada um fez a defesa vieram os questionamentos. Uma enxurrada de impropérios, o sujeito que é o coordenador da semana pegou um dos acadêmicos que estava na mesa e esbravejou sobre stanislavski. No meu ponto de vista, pareceu soberba, arrogância e falta de preparo, eram apenas garotos pela primeira numa mesa redonda. Sei que não se pode passar a mão na cabeça, mas é preciso tomar cuidado para não formar monstros, frustrados com a academia. Enfim, gostei muito da primeira semana que na verdade era a segunda semana acadêmica de cênicas, já que anos antes tinham realizado a primeira edição. Mas essa era especial, era a semana feita pela galera das cênicas. Pra fechar a SAPECAC muita música com a banda “carro velho”, mesmo sem o batera me esbaldei muito e me apaixonei... Essa é outra história!"


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

CONVERSANDO COM O NADA

O mendigo ou o cachorro morto, já deve ter sido encenado centena de milhares de vezes mundo afora. Muitas pessoas devem ter visto e se questionado tantas vezes, mas nenhuma delas conversou com o nada, como eu conversei na apresentação de Flint Borck e Pedro Portugal no último dia cinco de novembro na caixa preta de Artes Cênicas da UFGD.
Divulgação
Bertolt Brecht é um soco no nariz em cada frase escrita e falada por seus intérpretes. Uns profissionais outros amadores. Todos com a mesma ideia, chocar quem está vendo. Dizer frases de efeitos com defeitos. O espetáculo que assisti teve gosto de besouro. Você já experimentou alguma vez um besouro? Eu nunca, mas é bem por aí. Os besouros nos fazem pensar, agir, agitar-se.

Flint e Portugal narram o texto por uma ótica diferenciada. O expectador, quase não vê os atores ou os personagens em cena, mas sente. 

O tom ora mais grave, ora mais agudo chama a atenção para a cena. Num primeiro momento parece que a gente está em uma gaiola ou debaixo de uma marquise da grande selva de pedra, e estar nesse lugar apertado, sufocante, nos dá um gosto estranho de sangue adormecido no canto da boca, um incômodo acomodado.

Por estar preso entre ratos no porão os personagens nos chama pra cena a cada respirar, não dá tempo de ter devaneios, puxa-nos para uma epifania. Em alguns momentos esquecia-me que estava na caixa preta. Não! Eu estava no porão da Alemanha nazista. Essa epifania vai me deixar louco.

Porém, entre tantos incômodos, um me chamou atenção, me desconfortou e me chamou para a realidade. Os erros de tempo da oração, a falta de cuidado com a língua portuguesa. Acredito que certos vícios de linguagem, quando usado tem que estar no contexto da cena. Infelizmente, nestes momentos a gente via os atores e não os personagens. Pequenos cuidados que talvez a falta de tempo, não deu para corrigir, ou a direção optou em colocar na cena para deixar os atores mais soltos.

A sujeira proposital do porão sempre nos remetia a Revolução Industrial e volto a dizer, e para uma Alemanha nazista. Em Certos momentos sentia que estava naqueles comboios de judeus andando sem rumo no rumo da câmera de gás.

Saber conviver com os ratos, com o cachorro imaginável, com as luzes, dividir um minúsculo espaço, sentir o hálito do colega ao lado nos faz pensar: como somos egoístas. Como acreditamos que somos melhores. O espetáculo é uma bela reflexão do eu, do abandono no fim da caminhada.

Os instrumentos usados em cena remete-me as aulas de música e cena dois. Ali pude ver elementos aplicados em sala num casamento perfeito, por exemplo, um objeto para emitir a fala do personagem, o bater das mãos na madeira.

O cuidado da direção em aproveitar ao máximo o talento de cada ator em cena. Horas depois descobri que essa apresentação também foi salva pelo diretor que chamou a responsabilidade para si e fez o melhor com o diamante bruto que havia nas mãos.

Enfim, um espetáculo que merece um olhar especial. Que merece ser visto outras vezes, mesmo sendo assustador quando a gente se depara com nossos fantasmas. Mas garanto que a dor e a vergonha de ver o nosso eu estampando no espelho é suportável.  É ma bela conversa com o nosso nada.