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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

EU JURO QUE TE ENTENDO E NÃO COMPREENDO

Depois de mais um dia ensaio (que foi uma bosta) e ter convivido com gente mal educada, desrespeitosa, chego em casa e encontro um post de uma colega das artes cênicas, no qual ela manda beijinhos no ombro e desiste da caminhada, justamente por conviver com gente mal educada.
Imagem: materialdomovimento.wordpress.com

Realmente não tem como gostar de gente mal educada. Não existe um ser humano que possa dizer que é agradável estar com pessoas que te desejam sempre o mal, que torcem pelo seu tropeço, que riem quando você esquece o texto. Não tem como dizer que é bom ver alguém acuado pelos cantos, com medo de fazer feio perante os renomados atores do espetáculo “coró do côco”.

Não tem graça nenhuma você se abdicar dos teus para ficar num grupo que só te deseja fora dele. Não tem graça você rastejar aos pés pedindo clemência e só receber chutes e pontapés.

Ser ator é lidar com sentimentos, é ter duas faces num único corpo, é brincar de “verdade ou consequência”, é andar na linha tênue da loucura, da insensatez de um coração de pedra, é viver na razão da razão nas quais a própria razão desconhece.

Na real, eu te entendo. Eu mesmo, já desisti várias vezes, já mandei muita gente pro inferno, tudo bem foi mentalmente, mas mandei. Dormi muitas vezes tentando decorar o texto. Já reclamei por achar que minha parceira no espetáculo não está presente na hora que mais precisamos. São coisas da vida.
Imagem: Internet
Seria mais fácil passar por essas turbulências sem estudar, sem se envolver com gente do mal, sem precisar externar sentimentos de revolta, de negação, de falta de autoestima. Virar noites, ficar noiado, sem se importar com o que vai acontecer no dia seguinte.  Seria mais fácil resumir nossas vidas em pegação com pessoa lindas, saradas, vazias, ocas, e no final sermos sempre o protagonista do espetáculo “coró do côco”, ops, da nossa vida.

O bom mesmo é se tivéssemos nascidos ricos, lindos, gostosos, sortudos e no lugar do nosso registro de nascimento, um contrato assinado com a TV Globo, Broadway, Hollywood ou os números sorteados da mega sena. Mas não, nascemos gente pobre, comuns, pra não dizer feios, sem uma sexy-appeal aflorada, e nosso contrato milionário veio assinado por um da Silva, da Costa, da qualquer coisa, o importante é ter o verbo dar.

Por isso somos essa gente que ri, chora, sapateia, briga, bota lenha na fogueira, vende o almoço pra ter janta, não janta porque está de regime. Somos apenas acadêmicos, uns começaram cedo demais, outros velhos quase demais (o meu caso). Estudamos a noite, pois se faz necessário levantar cedo todos os dias para ganhar dinheiro em outras áreas. É preciso ter fé, força e foco pra ler todos os russos certinhos demais, complicados demais. É preciso dividir a marmita requentada com o colega do lado que não tem grana para um lanche, mas não lhe falta o cigarro, a cervejinha.

Nessa caminhada descobrimos que nossa verdade está escancarada no rosto de pessoas como a gente, que fazem o mesmo que eu, você, nós, sem pestanejar, sem ligar para os queridinhos do mal que rondam qualquer grupo, seita, encontro, enfim onde há gente com gana de fazer arte por amor ao ser humano e a si mesmo.

Entretanto, eu te entendo. Eu juro que entendo, mas não compreendo. Espero que teu adeus seja passageiro, como uma chuva de verão, como uma leve brisa que passa ao anoitecer. Espero do fundo da minha alma que ninguém esteja pronto para mais desistências. 

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